Despertando o que dormia...

Sobre todas as coisas já citadas, a que achei estar sepultada permanece, e as que achei pra mim permaneceriam, foram sepultadas!

Em mim dança um Deus, as mais lindas sinfonias jamais decifráveis, dança com leveza e harmonia, em passos suaves...E talvez tenha sido essa dança que a trouxe de volta...A dança...Não o beijo que acordou a branca de neve, e que deixou atônitos meus sete pequenos medos...

Ela em pé à minha frente, e quem ficou branca fui eu...Eu precisava de um beijo para acordar, porque o meu sorriso morreu no teu olhar...E o teu olhar paralisou a minha morte... Voltei a me questionar o “por que” e não o “pra que...”.

E vivo e religo, estendendo o braço da daqui, a palavra dali e eu os dois...

Nos calamos e nos entendemos por sorrisos, nos perdemos no que se chama abraço...

Linda o que vi...Linda e mortal...Por isso digo que se realmente existe destino, ele só pode ser irônico e cruel...Só?!?!

Depois de tanto tentar o equilíbrio sobre duas pernas que mais pareciam corda bamba, depois de tentar segurar o leão do que lutava pra fugir da jaula e tentar dizer ao vampiro que era dia para sair, não...Não consegui...Transbordou até o olhar e ainda mais...

Algo nos impedia e pude perceber...

Se não era pra viver por inteiro por que ressuscitou? Se ressuscitou, por que não vives e escolhes por ti mesmo? Pareceu-me bastante decidida a priori, mas um dia todos seguem pelo caminho das sombras...

E foi-se tão cedo, deixando vazia a sepultura em que a coloquei ha algum tempo...Pouco tempo...Tive de ouvir: “Situações mal resolvidas sempre acabam assim! E por que não resolver?

Por que não acender a luz agora?

O teu nome não precisa ser citado...Ele me cita! E nem preciso dizer pra onde foram as borboletas da minha vida...E quem busca solidão? É ela quem nos procura!

E foges? Sim, mas não de mim, sabia bem o que estava fazendo ali, já que tinha ressuscitado!

Mas fugiu de ti mesmo! E por que? E pra que?

Pra que eu tivesse a certeza que é na loucura que encontramos a sensatez em todas as coisas?

E qual a minha decisão? Tu sabes e por isso foges...

Foges porque sabe que estou disposta a encarar isso, não como novo desafio, mas como minha vida, e sabes que amo minha própria?

Por isso prefere dançar sobre os pés do acaso, mesmo não crendo nele...

Por isso prefere cantar Se Fue...

Por isso preferes culpar a situação...

Por isso foges de ti...E no mesmo instante lembro-me de Herman Hessse “Nada repugna mais o homem do que seguir pelo caminhão que o conduz a si mesmo”!

Mas, ainda descubro que tudo deve ser certeza e nada desejo!
Você presente destruiu suas sepulturas em mim, e despertou na verdade, o que apenas havia dormido e não morrido...Foi isso!

Quando foi-se, o meu abismo se agitou e me mordia o pensamento...

Naquela escuridão esperei em vão ou não, e independente disso, o anteceder do sol não deixou de sê- lo e ainda riu-se de mim...
Tentei a distração, mas meu pensamento estava fixo no que te levava a pensar em não voltar e por que...

Sabia que não o faria... Sei que dessa vez seria forte pela certeza que emanava de mim...

E mais uma vivi mais do que podia e aperfeiçoei ainda mais a Ana Mais do Que Nunca!