FURTA-COR

No meio do caos e desordem, um encontro dialógico.
Tão destruído quanto o ser, tão desolado quanto a alma.
 No embalo das canções as minhas lágrimas dançavam desacreditadas do que ouviam.
Noite esparramada no solo, atenta, sorria e chorava, enquanto substanciava em seu organismo a marcha lenta, a marcha ré dos dias, dos sonhos e sonetos.
Foi então que enxerguei  seus olhos azuis encarnados sorrindo, pedindo minha mão à solidão dos dias.
Senti ao relento a dor furta-cor do humor, sem ruborizar, me perdi como um carro em um imenso estacionamento...
Com o fato nu e cru, a embriaguez, o orvalho, o movimento dos cacos e pés no assoalho.
Senti suavemente o abismo abraçar, apertar, roçar o corpo contra o meu, como quem não quer nada, pedindo um cafuné; miando desesperadamente como em um conserto desconcertante de odor, toque e tez.
De denuncia, de cadeias, de desamores, de esperança solúvel em doses letais.

Ana + do Q Nunca

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