MONÓLOGO PITORESCO

O mundo está acabando, quer dizer, o ano está acabando e ninguém a essa altura do campeonato está aberto a monólogos, nem eu na verdade. Mas como eu sou a pessoa que vai dizer, digo escrever e não a que vai ler, escreverei. Porque preciso, porque é de mim e porque tenho que mandar tudo que penso pra algum lugar. Eu sei que ninguém vai ler (subestimei), outros vão passar os olhos procurando trechos ou frases atrativas e/ou sempre tem aqueles que leem só o comecinho pra ver se interessa. Eu sei porque as vezes eu faço isso.
Como eu ia dizendo o mundo ta acabando mesmo né? O mundo, o ano, as horas, as chances. Vivemos num completo caos e desordem e receio que todos acabem cegos e banguelas, porque ta cada vez mais “olho por olho e dente por dente” no “toma lá dá cá” ou na falsidade prolongada, aqueles que te sorriem escondendo uma navalha. Aí, a cada dia que passa eu vou concordando com meu amigo Bauman: a modernidade, o amor e outros sentimentos no estado líquido. Cartas na manga, opções, relações por conveniência, quem dá mais leva, você é o que você tem.
Na modernidade o EU SOU impera! Vaidade escorre por todos os orifícios, pessoas de egos inflados falam de Deus, de amor, de vida, de família como se já tivessem aprendido grandes lições, mas na verdade não conseguiu identificar, assumir, aceitar e trabalhar seus defeitos. São como pavões que se olharem para os pés defeituosos, morrem. Ainda pior é somente elas se acharem boas em tudo: bons corações, bons filhos (as), namorados (as) maridos/esposas, alunos (as) , professores (as), amigos (as) e afins, vaidosos ao extremo e negam as qualidades que os outros possuem.
Ah! Essa geração do EU ME ACHO!!! Também encontramos por aí pessoas empanadas na hipocrisia, que dizem muita coisa linda, mas tanta eu daria pra encher o mundo, mas tudo da boca pra fora. A pesssoa nunca diz o que sobre determinado assunto francamente. E se você disser, pronto! Acabou! Você é grossa, seca, indelicada, lhe falta a empatia, imatura, dona da verdade e por aí vão os trilhos de adjetivos...
Eu sinceramente não consigo manter aparências, comigo é tudo às claras, o que quer que seja. Se eu lhe procurar tenha certeza de que gosto de você, porém, se eu passar a nunca mais lhe dirigir a palavra, pode acreditar que nada mais me encanta. E para que o desencanto aconteça não é assim de uma hora pra outra, é um PROCESSO. Sou observadora, sensível às coisas que estão ao meu redor. Quando eu falo sobre sensibilidade, não quer dizer melindre que é outra coisa que detesto na face dessa terra. Você não pode dizer um A que aí o muno da pessoa desaba, ela te ignora, te trata com indiferença e/ou na melhor/pior das hipóteses some! Nessa coisa de ter sensibilidade, eu sei quando me tornei opção, carta na manga ou quando estou sendo levada em banho Maria.
Eu sempre digo que o que me importa em qualquer que seja a relação são os DEFEITOS! Sabe porque? Porque eu quero saber se vou ter jogo de cintura pra lidar com eles, se vou conseguir suportar, se vou me dirigir aos céus e dizer “CORAGEM PRA ACEITAR O QUE NÃO POSSO MUDAR”... mas pra isso, o dono do defeito deve estar consciente e aceitar que o possui pra tentar ameniza-lo também (assim me ajuda hahaha). Todo relacionamento é uma via de mão dupla, o duro é achar pessoas que pensem assim, que estejam DISPOSTAS a...
Bom, com tantos mundos e fundos,  não tem jeito, a gente vai quebrando mesmo a cara e aprendendo. Se nos tornarmos seletivos demais, ficamos sozinhos, mas também, não dá pra aceitar todo lixo que bate à sua porta. Imagina?
Com o tempo a gente aprende que pessoas bipolares precisam mesmo de tratamento com Carbonato de Lítio e Olanzapina. Que ora elas vão falar com você docemente, amorosamente e ora secamente ou mesmo te fará esperar dias pela resposta. Até lá você enlouqueceu, se internou, viajou pra Disney e voltou... O melhor é ir colocar na balança vale a pena? Se valer, é entrar nesse jogo tosco, se não tiver jeito entende? Porque família a gente não escolhe, mas amigos e amores sim...
Também passamos a entender que Ignorar não é o  melhor caminho. a INDIFERENÇA é o pior sentimento dentro de uma relação seja ela qual for, pois gera um nível de mágoas muito grande. Mas isso só passa a fazer sentido pra gente quando a maturidade chega, caso contrário meu amigo, uns bons anos de terapia podem auxiliar...
Que quando queremos muito alguém movemos mundo e fundos pra estar com ela. Me recordo de um antigo namorado que pegava 5 conduções pra vir me ver e saía da minha casa às 4h da manhã porque no dia seguinte tinha que trabalhar. Então não venha com essa de não deu, choveu, adoeci, morri que não cola, ou quer ou não quer. Com o tempo você também vai entender que de boba só tenho a cara, mas que meus 29 anos foram bem vividos e sei bem quando é que as pessoas estão falando sério.
A gente vai aprendendo também a não gastar as palavras, porque até a franqueza tem gente certa pra quem você pode dizer. Há pessoas que tudo que você disser não fará sentido porque ela não vai nem ouvir, o melhor então é não dizer... não dizer nada! E aprendemos também que as pessoas que vão permanecer são as que nos gostam de verdade, porque nosso jeitinho sincero assusta e afasta muitas pessoas que vivem de aparência ou de melindres.
Compreendemos que o poder sobe à cabeça dos fracos e se essa pessoa poderosa tem algum problema pessoal com você, sim, você será o alvo, e aí é complicado colocar em ação aquele bendito ditado SE O INIMIGO É FORTE, ALIE-SE A ELE. Chega a ser contraditório, mas é a realidade. Lembro-me até de uma amiga me dizendo em pleno sábado na pós “Ana, não da pra ser verdade o tempo inteiro, as pessoas não estão preparadas, o mundo não está preparado”. Faça apenas seus superiores entenderem que eles são SUPERIORES (aham).
Família nem sempre são seus pais, filhos, esposas, tios, primos. As vezes a família ta do seu lado. Sõ teus vizinhos, teus amigos, que te rançam as maiores gargalhadas em meio a uma tempestade, essas coisas são valiosas, imensuráveis.
E nada de se esconder atrás da religião pra parecer melhor, frequente QUALQUER UMA que lhe agrade, mas não vá pra parecer menos nocivo. Vá de coração de corpo e alma, porque religião é o que nos liga ao divino, mas use isso como um escudo e não se esqueça de praticar tudo o que é dito La dentro: amor, caridade, perdão, bondade e etc... E ao ajudar alguém, não espere algo em troca, você ajudou porque quis e não porque esperava confetes certo?
AH! É feio julgar as pessoas pela crença dela viu?
Nós somos a soma das nossas escolhas. Se não nos posicionamos diante da vida, jamais esperemos que ela seja gentil com a gente. Se deixarmos a onda nos levar, onde esperamos chegar? O que precisamos é fazer a nossa parte e parar de cobrar o outro. A partir do momento que nos empenhamos a fazer o que nos é proposto, as coisas acontecem. Ah! E as coisas acontecem não da forma que sempre queremos ou esperamos... vamos parar de culpar os outros por nossos infortúnios? Se eu fosse culpar a todos quanto passaram pela minha vida pelas coisas ruins que me aconteceram, eu simplesmente podia cavar um buraco e me enterrar, seria um poço de mágoas, totalmente suscetível a desenvolver um câncer. Se posicione, nada cai do céu e nem sempre teremos alguém que pague as nossas contas ou amenize os nossos problemas.
2014, muita gente, muitos mundos, fechando com chave de ouro. Tudo que fica de mim é muito mais inteiro e bonito. Eu me doo de verdade, mas preciso saber onde estou pisando. Só tem o melhor de mim quem conquistou, quem cativou! E não é só aparência, só o saber falar, só o estilo ou um porrada de elogios que me encantam, eu não me apaixono fácil! Precisa de mais, é necessário ter sensibilidade, ter inteligência emocional, espiritual e ainda reconhecer-se a si mesmo. Ah! E ser feliz (sozinho)! Porque quem não é feliz sozinho, jamais será ao lado de alguém, além disso depositará uma carga de expectativas muito pesada no outro... A máxima de Platão CONHECE-TE A TI MESMO continua sendo o máximo!
Então pra acabar com esse monólogo pitoresco, eu quero me despedir desse ano que foi repleto de ensinamentos e experiências: boas ou ruins, me ensinaram coisas valiosas, lidar comigo (pra conseguir lidar com o outro), e por aí vamos escrevendo outros monólogos, deixemos a carga de 2014 por aqui, perdoemos aqueles que “não sabem o que falam/fazem”, sejamos claros, vivos, gratos, alegres, coerentes, dispostos a encarar novos desafios e comecemos vida nova, vida leve em 2015.

((faltaram muitas coisas, mas a gente diz ao longo do tempo, se o mundo não acabar))

Comentários

Postagens mais visitadas