FOTOGRAFIA

No godê do vestido giravam mais que bolinhas, giravam fantasias e inspirações,
As mãos dadas, nos lábios, os sorrisos que aproveitavam pra dançar suavemente, constantemente.
E o vinho tingindo as entranhas, enrubescendo as faces, vivificando as almas
Estas que, ditosas e radiantes revelavam o que havia de mais sagrado, de mais absurdo.
Toneladas de existência que levemente manavam para o interior das vidas.
Das passagens que carecemos sentir garantia em proferir:
Amores antigos, amigos, raízes, natureza, cultura..
Crus, aventurados, expostos, sujeitos a si próprios,
 E não havia sequer qualquer pré-julgamento ou atribuições de juízo de valor.
Ao contrario, laços foram criados, abraços foram perpetuados.
Tudo à volta se mostrava como uma fotografia, desfocada.
Enquanto o foco, o brilho, o contraste encontrava-se nos olhos, nos lábios.
Fortaleciam ainda mais as cores daquela bela fotografia
Criando uma atmosfera exata de veracidade e confiança.
O magnetismo desmedido, o toque, a tez.
Foi o que sutilmente fez com que apanhassem os cacos da mesa
E moldassem em formas novas, jamais saboreadas.
Como adolescentes na madrugada fria e esperançosa,
Despertavam a cobiça nos que estavam de passagem,
Que como eles, desejariam estar envolvidos naquela vivacidade,
Na afabilidade dos abraços abastados e apertados
E dos beijos entusiásticos, aprazíveis e ardentes.
Mas aquilo era apenas o de mais simples que a vida podia lhes reservar,
E em tal simplicidade se revelava sua completude.
No balcão, deixaram marcas que simbolizavam aquele momento.
As voltas incessantes pela cidade bonita,
E os ponteiros que entravam em constante maratona,
O dia, o sol, a claridade tinha grande afã em despontar!
Fez surgir então uma despedida preguiçosa ...
Desejosos de que o tempo se entendesse um pouco mais
Eternizaram toda a essência dentro de um abraço arrebatador.


Ana Mais do Que Nunca.

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