DESVENTURA
Não acredito muito em pecado,
Penso que as coisas certas ou erradas são relativas
e devem estar dentro de um determinado contexto.
Exatamente agora posso dizer,
Não gostaria de estar mais aqui...
Treino todos os dias o desapego,
Mas me dói demais quando as poucas coisas que me restam vão embora.
Evito comprar moveis objetos, roupas...
E também vivo pra lá e pra cá.
Imagina a bagagem pra carregar?
A idéia de se desfazer de algo que gostamos,
Dói igual roubar doce de criança,
Não o ato de roubar, mas de ser a criança roubada.
É decepcionante sentir um vazio
Provocado por aquilo que não temos mais.
Essa semana choveu muito.
Muitas pessoas ficaram desabrigadas.
E as que não ficaram perderam algo.
Parei. Senti-me egoísta.
Tenho tudo que preciso.
Não perdi nada,
Ganhei, ainda não sei o que,
Mas prefiro pensar assim, sem apego ao que virá.
Não quero por demais vibrar o sentimento fúnebre da perda,
Sinto-me confusa.
Desnorteada.
Milhões de páginas pra ler e que ficarão sem sentido.
Ou que me servirão auto-ajuda.
Férias em janeiro pra que?
Viajar pra onde?
Respiração funda,paredes verdes.
Passo a não mais enxergar as teclas,
Estou Com a vista embargada.
Com saudade e vazio.
Amando e profundamente triste.
Tudo isso aconteceu em dois mil e dez.
Eu não quero antecipar o ano que não chegou,
Mas que ele seja melhor pra todos nós.
Da demasiada hipocrisia,
Do desgosto de respirar.
Do desanimo por perder,
Da desventura de aqui estar.
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