PRISÃO


Não fosse pelas pernas grossas e a barriga grande, seria magra. 
Possuía profundas olheiras, 
dentes e pontas dos dedos amarelados pela nicotina, 
costumava guardar todo e qualquer pedaço de papel com dizeres feitos, 
potes vazios, tampas, cremes vencidos e objetos imprestáveis,
falava ao celular por horas com um alguém imaginário,
dizia ser amor o vago sentimento que sentia, 
trocava a  noite pelo dia e se alargava na preguiça 
adiando o compromisso que nomeara de trabalho. 
Passava a chave na porta do quarto antes de qualquer coisa,
era rainha de seu pedaço de sua baderna, 
guardava umas poucas fotos que lhe interessavam, 
uma, a que julgava mais valiosa embaixo do travesseiro, 
rememorava e derramava milágrimas ate cansar, 
abria a porta do quarto em ladainhas e gargalhadas,
suportava os míseros tratamentos e os bombardeios de lamurias, 
corria para o quarto agarrava o filho e jurava amores.
e em amarguras trancava novamente a porta.

Comentários

Jéssica Estevam disse…
Ana o que dizer?!
Suas palavras tocam, agora com mais tempo pretendo voltar a ler teu blog, ler as novas postagens e as antigas que ainda não tive oportunidade.

Beijos

Postagens mais visitadas