PRISÃO
Não fosse pelas pernas grossas e a barriga grande, seria magra.
Possuía profundas olheiras,
dentes e pontas dos dedos amarelados pela nicotina,
costumava guardar todo e qualquer pedaço de papel com dizeres feitos,
potes vazios, tampas, cremes vencidos e objetos imprestáveis,
falava ao celular por horas com um alguém imaginário,
dizia ser amor o vago sentimento que sentia,
trocava a noite pelo dia e se alargava na preguiça
adiando o compromisso que nomeara de trabalho.
Passava a chave na porta do quarto antes de qualquer coisa,
era rainha de seu pedaço de sua baderna,
guardava umas poucas fotos que lhe interessavam,
uma, a que julgava mais valiosa embaixo do travesseiro,
rememorava e derramava milágrimas ate cansar,
abria a porta do quarto em ladainhas e gargalhadas,
suportava os míseros tratamentos e os bombardeios de lamurias,
corria para o quarto agarrava o filho e jurava amores.
e em amarguras trancava novamente a porta.
Comentários
Suas palavras tocam, agora com mais tempo pretendo voltar a ler teu blog, ler as novas postagens e as antigas que ainda não tive oportunidade.
Beijos