Adeus em 22 de maio

As cores primárias são as primeiras coisas que enxergamos ao entrar aqui...As cores nos

brinquedos, sempre achei que estas cores não combinavam juntas, mas pra você ficam

bem...


Avental laranja, camiseta branca, boné vermelho...


“Tire os coturnos para entrar, assim posso te ajudar..
Poderia fazer o que gosto na cidade que amo, mas ultimamente estou muito ocupada com isso, me toma maior parte do tempo...
Amor? Sim um dia abri mão de muitas coisas por amor, não me considero amarga, mas exigente com a lições que aprendi nesta vida...
Não faz muito grande...Esta emoção de criança!”


Lembro-me do últimos palhaço em sua presença...Sua vaga admiração e seus breves

elogios que rancava de vez em quando...Não corcordava com a corda na mão, a força nos

braços que girava a roda “gigante”, mas aquilo fazia alguém feliz e conseqüentemente eu...


...Sem rumo, sem chão, “vamos torcer pra que haja” foram minhas ultimas palavras...E de

repente você não volta nem pra ficar apenas olhando da porta...!

Algumas, poucas historias compartilhadas que gostei de ouvir e pouquíssimas que contei...


Hoje foi difícil, mas vi as mais belas borboletas nos rostos brilhando, gostaria muito de

estar mais animada como geralmente, mas farei o meu melhor no decorrer desse dia tão

cruel...


As musicas não ajudam, ou melhor, as musicas apenas ajudam a lembrar você, de cara

fechada, sempre com o olhar de reprovação estampado no rosto...


Amor? Desfaleceu por amor...Amou, perdeu-se e morreu amando, mas não era Teresa, nem

Mariana...Dá pra imaginar a moça baixa, magra e loira na praia de Copacabana apaixonada

por seu príncipe encantado...E dá pra entender porque tanta amargura...


Não posso querer a intensidade da dor alheia, pra mim foi por demais destruidor...


Esses brinquedos, essas crianças, essas músicas e o eu-palhaço que chora por não ter mais

nem o olhar de reprovação...Mas vivemos algo, dividimos algo e sou agradecida pó isso...

“Artes, faça artes”...”Voce entra hoje de novo, tava tão bonito e animado!”


Não vou mais ouvir isso e talvez seja uma das ultimas vezes que entro nesta sala cheia de

coisas brilhantes, decorações antigas, fantasias, cadeiras, caixas e mais caixas, forro do teto

quebrado e “balões...não deixem estourar os balões...”


Não posso te ver desse jeito –Não! Quero seguir e ser melhor do que fui quando me

conheceu...A dor vai amenizar...


Mas foi difícil ficar de pé com as mãos sem ter onde colocar, no bolso que não podia estar

engordurado, ou braços cruzados, sentir marteladas na cabeça, sorrir sem querer e sentir

que as lagrimas nasciam pesadas e queriam correr, escorrer...brilhar...


Só quero ficar sozinha num cantinho, encolhida como se fosse dormir, mas não pra dormir,

pra te escrever...


Nada do que é, será novamente sem você!


As saudades com certeza ficarão...


Adeus!

Ana Mais Do Que Nunca!

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