Certezas

Ela apareceu numa nuvem de pensamentos e cegueira...

Ele havia aguardado por 10 minutos que aquela criatura longilínea aparecesse com toda sua bagagem de argumentos, sim ela se despiu lhe deu o mais íntimo que pudera, não houve toque, desejo, calor...

Era algo frio assim como Milk Shake no inverno, era 13 de agosto...

A cápsula protetora, o muro, a armadura, ou qualquer outra coisa que promova a proteção de todo e qualquer sentimento, o caminhar por linhas tortas e retas dificultaram a conclusão dos fatos em algum pensamento...

Mas meia palavra se existir basta! Este foi o silêncio que falou mais alto em todos os seu 24 anos de idade.

Sabia e bem o que esperar e o que não, foi ali para dizer, mas não disse, libertou de si própria, um pássaro de asas quebradas...

A multidão de palavras atropelava todo e qualquer pensamento e sentimento, não o silêncio não mais poderia ferir mais do que já havia ferido e ela se perguntou por que estava ali...

Olhava ao seu redor, mas não conseguia enxergar nada além de olhos a fitando a todo o momento, isso não assustava, mas dessa vez não tentou entender o outro e sim ela mesma, se via dando voltas sem fim e sempre chegando ao mesmo lugar...

Tanto explicar que entendia o que não ouvira, mas vira... De nada adiantou...

Plástico bolha, parede de vidro, cume e abismo, experiência e ignorância, eram infinidades de fatos que o separavam e que por muitas vezes a cegou!

As frases feitas: "Não leve a vida tão a sério!" e "Não espere nada de ninguém!" ecoavam constantemente na sua mente, na sua vida...

Observou-se numa situação medíocre, decepcionada, desiludida, de que pelo menos conseguisse dizer ou desenhar as diferenças entre eles... Mas não, nem isso!

Frio, congelava ainda mais os ossos, e o tédio lhe provocava uma espécie de sono, vontade de fugir dali o mais rápido possível...

Tinha conhecimento que até o mais lento cérebro sempre entende o que se quer dizer...

Sabia que quem faz o tempo é o próprio ser vivente com as suas escolhas...

Tinha conhecimento de quando era aceita, admirada, desejada e o contrário de tudo isso...

Sabia que não havia mais possibilidades para tentar ser o que realmente era, que nesta ultima foi um tiro escuro, no próprio pé...

Foi embora com passos largos e essa largueza alcançava seu pensamento que havia girado como parafuso para dentro de seu cérebro...

Limpava com sua flanela o vidro embaçado pelos acontecimentos recentes e lembrava-se de tudo o que foi dito e de tudo que foi chorado outrora, e pra que apertar a mesma tecla, dar a mesma volta, dançar a mesma música, pra que enxergar tão grande o que nem há valor?

Deitou aquele mundaréu de informações e sensações em seu travesseiro já fundo, fez uma petição olhando para os maderites da cama de cima, balbuciou algumas palavras com seu rosário na mão, ouvia longe... longe as seguintes expressões: Que haja equilíbrio... Ecoou por todo o ser até que adormeceu...

Acordou forte, sarcástica e prática, sem muita paciência pra enrolações, voltas, banho-maria.

Ligou o rádio, mudou de estação, de pensamento, de roupa, de vibração, até mesmo de nome, não será menos Ana do que já foi até hoje!

Porém Ana,

Mais do Que Nunca

Now the deed is done,

Não olhe pra trás...

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