O MENINO DE 8 ANOS
Fui inundada por imensa ternura ao me lembrar da nossa infância e de quantas coisas aprontamos...
Seus 8 anos repletos de responsabilidades buscando a irmã de 5 anos na escola.
Era homem quase formado, lhe faltava apenas alguns anos a mais e um pouco de barba, que enquanto nao tinha, só precisava mesmo era de uma ficha pra jogar Mortal Combat, esse também era o motivo de seu sumiço nas tardes de todas as estações.
O mais assustador era a ênfase que dava nas histórias de terror... Na verdade a mãe nunca entendeu porque é que a irmã de 5 anos sempre chegava com os joelhos esfolados em casa, claro mal sabia a mãe que o medo de fantasmas e monstros da casa mal assombrada era tanto que tinha mesmo que correr, pois até o menino ja estava longe...
Das nossas viagens e passeios nos finais de semana com toda família e quanto o pai fazia questão disso.
Mas logo que o menino cresceu um pouco, se rebelou, nao quis mais, era auto-suficiente e não admitia pai e mãe querendo dar a mão ao atravessar a rua.
Tinha lá suas peculiaridades e suas várias coleções de objetos, moedas, notas de dinheiro, latas de cerveja, maços de cigarro, figurinhas, selos (...)
Jogava futebol e falava pouco, exceto quando satirizava alguma situação, era de praxe.
As nossas tentativas de diálogo que faziam a neblina cobrir o cômodo: Ar e Água, como quando aquela vez que brigamos por uma escova de dente rosa. Como sempre, a canceriana cedeu ao geminiano.
Enfim, toda aquela infância no desmanche onde apostávamos corrida nos carros parados, (não sei porquê) era ele quem sempre ganhava!
Das mordidas dos cães, dos banhos de mangueira e bacia de alumínio, das pipas às alturas, dos relinhas, das apostas de caldo de cana, das polícias e ladrões na rua, foram substituídos cedo pelas responsabilidades.
Nós, pequenos adultos amadurecemos e precisamos brigar, fazer as pazes, chorar, entender, enfrentar e ultrapassar todas as barreiras que ao longo do caminho avistávamos, logo aprendemos a dançar essa música que é a vida.
Hoje o menino faz 28 anos, meu Deus faz 20 anos que corremos com um pacote de côco ralado nas mãos!
O menino foi e é tão especial, importante que mesmo distante está presente e é o meu referencial de HOMEM!
Por sua perspicácia, por suas pressas, por suas opiniões, por suas criatividades, por sua inteligência musical, por seus valores que defende e vive.
Hoje desenhei o seu retrato, cada traço emocionada, seus olhos vivos, a carinha de menino levado, típica de quem repetiu a segunda série por 2 vezes porque preferia bater figurinha!
Eu quero abraçar esse menino com todas as forças, apertá-lo contra mim e que as palavras não se façam tão necessárias quanto os gestos.
Mas mesmo assim, desejar para os próximos 20 anos flores de todas as cores e tamanhos acompanhadas de muita música nas claves de FÁz o SOL resplandecer!
Eu te amo Cícero,
Ana mais do Que nunca.
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