FATIA AMARGA


Meu Deus!
Começar com a expressão “meu Deus” traz diversas interpretações.
Uma delas pode ser o desespero, outra,  surpresa...
Mas...
Meu Deus, beirando mais um outubro!?
Beirando a loucura, beirando experiências maiores que eu, experiências ordinárias e extraordinárias...
Minha vida a mercê da dor que dilacera a beleza que ainda há no corpo físico.
Até agora não compareci ao trabalho, pretendo não fazê-lo hoje, por escolha sim, mas também por não possuir outro tempo que não seja este para estar em dia comigo! Em dia com meus caprichos, meus vínculos.
A que tipo de vida está submetida a minha vida?
Porque provei essa fatia tão amarga dela...?
Já não se trata apenas de um ego ferido, aliás, já não existe ego e a vida me prova cada vez mais, nessa coisa de não poder esperar do outro nem um sorriso.
Um espírito abatido...
Em que momento as peças desse quebra-cabeça se encaixaram para surgirem motivos concretos de uma comunicação que deve durar o resto da minha vida aqui nessa dimensão?
Não digo que estou perdida, jamais! 
Já me encontrei, percebo quem sou, mas ainda não toquei no sentido, no significado dessa linguagem que me fere...
Eu só preciso de sintonia.
Dialogar com objetos sem vida é estranho ao passo que tem muito mais sentido que dialogar com quem nunca me entenderá...
Mas que fatia é essa? 
O que este amargo trará além do apoio das frases feitas de que tudo no fim dá certo e de que tudo na vida passa?
E novamente me remeto à expressão que agora pode ser por puro desespero “Meu Deus”!
Eu irremediavelmente surpresa e desesperada, entendo o que se passou em cada milésimo de segundo, apenas não entendo o que é agora e a que fatia me submeterá!

Ana+doQNunca.

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