PÁGINA VIRADA

Pelas palavras cruas escrotas escritas em três de abril, cruz credo!

Das mortes.
Dos mortos.
Daqueles que se dizem reais, melhores, completos.
Ai que coisa feia!
Hoje uma página virada, tão escrita, tão comentada, que o papel não suportou, rasgou, transpassou para o verso o que verdadeiramente seria do verso.
Uma crítica à vida e ao sentimento alheio reforça a idéia concreta.
O que é a originalidade senão o fato de viver, ser e querer sentir que o outro está vivo?
A Única Clarice que me partiu em mil e somente, só, só ela soube me definir, deixando confusas as mentes das pessoas que nada sabem e que nada entendem da vida.
Ódio? O que seria isso se não apenas a capacidade de não compreender e de não aceitar a profundidade alheia?
Dizia um sábio amigo: "O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende"...
Houve negação, em muitas frases, em muitas atitudes...
Até eu neguei aquilo que outrora não entendia, mas no momento em que senti o cheiro da terra molhada, abracei com todas as forças, não deixando mais escapar de mim.
O que eu gosto mesmo e de me arrepiar quando leio algo profundamente perfeito e belo, a gente sente que foi verdadeiro, até chora pedindo perdão, curva a cabeça sentindo vergonha da atitude mesquinha de concluir as coisas sozinha...
Tantas caminhadas e dias espalhados, de momentos sólidos, líquidos e gasosos, só se sente agora que tudo evapora.
Gostar custa caro e é raro.

O diário da menina menstruada, cobiçado, quisera escrever assim como essa menina que brota em mim de vez em quando e registra os seus íntimos, quisera.
Quisera.
Mas quisera e não pudera, porque como já se sabe querer não é poder, então é mais fácil levantar uma crítica à quem realmente faz!
Eu disse que era a exceção das suas regras e que em algum momento você teria de expressar isso.
Até brota um sorriso em cada canto da minha boca, porque pela primeira vez, por mais que seja uma porcaria as palavras lidas em 03 de abril, e que ainda assim tenha usado seus escudos para expressar ódio, pela primeira vez escreveu sobre algo que verdadeiramente sente!

A falta de originalidade sinto naqueles que querem escrever difícil mas não conseguem.
Eu nunca precisei provar nada pra ninguém e acredito que continuo não precisando...
E também nunca senti esse medo besta e inventado de não ser mais interessante, sempre me mostrei como realmente sou.
Eu nunca afirmei que o que aqui se registra é poesia, mas se assim achar que posso eu fazer? Achei que quem gostava de definições era eu!
Mas tem nada não.
Hoje ficam na estrada percorrida os milhares de desejos partidos, definidos, resumidos ao pó do giz atrás de mim, ficam todos aqueles todos.
Hoje vou como Fernão Capelo Gaivota alçar um vôo mais alto, na verdade não entendia mesmo o que é que vim buscar aqui em baixo!
Mas a gente gosta mesmo de negar e repelir aquilo que a vida quer nos mostrar né? Poxa! Eu já vivi outras coisas maiores e já aprendi mais em outros momentos, mas eu me sinto completa por ser completa e me apresentar sem máscaras, como água límpida, clara.
Me sinto integra de ter derramado todas as lágrimas que podia, de ter carregado em meus braços todo o peso que pude suportar.

Hoje a carga distribuída, a página virada e poesia concretizada? Ou nos meus lábios...
Pra aqueles que sabem como sou, onde estou, ou posso deixar de ser e estar a qualquer momento.
Das explosões, das feridas e crateras que elas causaram, hoje ficam as cicatrizes, agora mais do que nunca.
Da minha dança de cigana, do labirintos nos meus olhos e do meu desespero quando ao ver que algo está acabando ou iniciando vem a necessidade de definir, ou de organizar em seus devidos lugares o que o vento soprou.
Sim, impossível!
Mas a imensa satisfação de pelo menos internamente conseguir isso.
Eu gosto assim...
Escrever as coisas que realmente brotam de mim sem usar os antepassados pra justificar o motivo da minha frustração...
Não posso mudar por que os outros não gostam...
Devo mudar, creio eu, quando sinto necessidade...
Ressalta-se em mim um misto de felicidade e encanto pela minha essência se confundir com minha existência.
Ah! Não sou frustrada, as coisas acontecem no tempo determinado!
Eita! cresci, olhei para o lado e não tinha ninguém para segurar a minha mão no momento de atravessar, fiz isso sozinha e vi a página virando e aquelas listras brancas no asfalto negro brincando na minha visão, zebras no jogo de imagens.
O meu "romantismo ideológico, essencialista" me faz cócegas, me divirto, sinto, posso tocar e ser tocada, melhor que beber algo que me incapacita de ser-me por inteira e ainda acabar com tudo num incêndio banal.

Ana MAIS do Que Nunca

Comentários

Takel parsim disse…
Muito bom o que vc escreve,parabéns gostei mesmo!
QUEM SABE UM DIA ESCREVO UMA CANÇÃO PRA VOCÊ.
POR SANTIAGO EM 03-04-2010
http://pironatosantiago.wordpress.com/
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"...Eu devia era comprimentar a pilantra, não tinha o seu talento..." (UM COPO DE CÓLERA)

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