FRAGILIDADE

Eu entendi quando você disse que aquela situação assustadora não te causou nenhum impacto, talvez eu devesse estar do mesmo lado que você ou um pouco adiante, mas eu fiquei, e, chorei como uma criança desesperada que perde a mãe na multidão das tardes chuvosas.

Talvez eu quisesse estar também anestesiada para nada sentir e prever que tudo é mesmo previsivel, sempre volta a acontecer, as águas voltam a ser calmas, a tempestade passa e a geleira derrete...mas aparentemente não consegui.

Eu sinceramente me questionei se tudo o que eu queria não passava apenas da realização dos "caprichos meus", mas lembrei-me que exgi pouco, aliás, apenas o essencial, e que ai sóbria e sensata o bastante para resolver tudo, sentar e conversar...mas dessa vez foi um pouco diferente, a fragilidade me encontrou pelo caminho...

Talvez ela já tivesse me visto por aí, de andar faceiro, pernas longilíneas e palavras objetivas, talvez admirou-se por minha forma radical de encarar os fatos, e foi assim se apaixonando por mim e me envolvendo com seus laços febris...

fragilidade essa, que me mostrou a solidão, não a falta de familiares ou amigos, mas uma solidão esdrúxula, criada talvez sob medida para meu corpo magro...

Eu entendi e almejei a mesma dose ou dose dupla de anestesia, para não sentir a aproximação da fragilidade que beira a loucura...eu precisava de algo diferente ou deixar essa fragilidade tola de lado me agarrando à promessas que fui fazendo a mim mesma em meio às lágrimas, que eu jamais me abandonaria, nos abandonaria...que havia de ser capaz e forte, mesmo presente nessa dimensão que jamais visitei em 25 anos de existência.

Ana Mais do Que Nunca

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