MADRUGADA
Só eu e a madrugada dentro de mim, transbordando em mim, seu silencio ensurdecedor, suas informações venenosas que contaminam meu fígado e outras funções vitais.
É medo ou coragem arrebatadora da descoberta, as vezes fere e as vezes faz sorrir, mas esse deserto de espinhos me consome...
Descalça, escorre lentamente o fel por entre os dedos enquanto a ansiedade empurra o coração pra fora do peito. É dor, é mágoa, é água escorrendo dos olhos. Nada mais.
A coragem leva a isso, o medo também, os caminhos se bifurcam pra dar a sensação de escolha, mas o destino é o mesmo...as reticencias sobram quando a resolução seria um ponto final ou mesmo uma exclamação! E pelo deserto a caminhada continua.
A vida é tal qual uma prisão e estamos na mesma cela com as palavras entaladas...Mas ainda é madrugada, não há ansiedade pelo amanhã que é agora nem saudade do passado, apenas a vontade assassina de se libertar, gritar, resolver,solucionar...então eis o silencio que aprisiona na madrugada junto à informações de navalhas.
A vontade cresce e inunda os olhos...Inunda os olhos, encharca a vida, talvez isso seja transmitido pela adrenalina e o nó no estomago dessa madrugada dentro de mim de não encontrar ninguém ou encontrar e não poder trocar meia dúzia de palavras. Já não há mais, foram trocadas pelo silêncio que transporta a alma para o deserto cada vez mais espinhoso dessa madrugada.
Ana + do Que Nunca.