ANA LUA

Eu, que quero tudo ao mesmo tempo, não consigo abraçar as grandes idéias ao som de suaves acordes franceses e harmoniosos jantares em família.

Eu, sozinha com todos os meus anseios, que tornam este cômodo interminável e a simples tarefa, num bicho de 700 cabeças.

Aqui chove estrelas e fica difícil enxergar assim com os sóis nos olhos, eu já disse que sou da lua e acompanho o seu ritmo, por vezes solitário e gracioso, mas é só que gosto de ficar; só, é estar por demais acompanhada.

Mas me é interessante o período que passo fora com outras gentes, outras idéias, outros olhares.

Há dias que concluo que as flores tatuadas no passado foram apenas por impulso e que as ações alheias me refletem, ora crua, ora pronta. Não, pronta não! Que isso de fato ninguém está! Mas, posso dizer que me refletem no estágio presente.

A minha lua já minguou, já cresceu, já renovou e também se encheu de sentimentos bons, e dos desequilíbrios decorrentes, é tempo agora de apenas iluminar a noite, tomar banhos de chuva por aí sem se preocupar com a roupa, o cabelo ou os sapatos encharcados.

Deixar o quarto em sua grandeza me abraçar, assim como quero abraçar as grandes idéias, fazer parte, dançar ao som dos suaves acordes franceses e ainda aproveitar o jantar em família, sozinha, em harmonia, agora a lua míngua.

Ana Mais do Que Nunca

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