"Um Dia"

Puritano intocavel branco pesado de culpa e de importância de opniao alheia...
o jogo a vida, a dor, a desimportância (existe?) existiu, sem preocupações com o estrago causado, com as inundações, tempestades de desgosto, montanhas , dunas vermelhas nos olhos de quem viveu a indiferença, a não escolha, o pesar da bagagem de duvidas que não era sua, que não precisava carregar...

Dia claro, reluzia as grandes e pesadas correntezas no rosto vermelho marcado, dedos finos longos de maõs magras que seguravam a voz cortante afiada que ja não tinha onde cravar seus punhais, ja havia cravado...

Não havia espaço para mais dor, para mais desespero, para mais lágrimas, não havia espaço para o próprio cadaver que jazia naquele veículo barulhento coberto de sol, sol que apenas disfarçava aquele dia mais triste que o mais triste do ano...

um "DEPOIS" que feria os tímpanos, apunhalava ainda mais aquele pedaço de carne que um dia quis amar, era só isso, nada mais, amor? Que deixava tão sem chão, não era amor era medo, que impedia de sê-la por inteiro.

-Não te dá nada quando olha nos olhos?

-Só se tem medo quando não está de acordo...

mas o acordo era não acordar de onde brotava o medo...
Medo da parte que não era cabível a realidade do outro, da vida do outro, vigiada, medida, controlada por hipócritas carentes vestidos de ovelha, que dão aqueles odiosos tapinhas nas costas e se dizem amigos...

Então o dia claro foi tomado, coberto por trevas, as trevas se externando, aquela dor traduzida em lágrimas e expressões tortas...tudo foi derramado, esgotado, encanto quebrado novamente...
Foi o brilho que se perdeu, o diamante que se quebrou,foi trigo devastado pelo vento, foi porque não houve o ritual, foi o sol que escureceu, foi verde da grama que se apagou naquele bonito pôr-do-sol e as risadas e diálogos ecoando, vozes na cabeça e no espaço, no oco do tempo, de um dia que é tão vago quanto esse sentimento, que pode cicatrizar...

Foi por não estarem distraídos, por não estar distraída que tudo se distraiu, que tudo nunca esteve tão distante quanto aquela expressão desnecessária com a palma da mão direita voltada para cima,como quando alguém quer receber algo, asssim como sua sobrancelhas e aquela boca fechada quase torta querendo dizer, dizendo mudamente, "é penas isso, então ficamos assim" ... E os meus olhos em resposta acendendo-se e pensando "como isso é desnecessário" e após pensar,dizendo claramente, "assim como? eu não perguntei nada, estava tudo tão especial até agora..."

Mas não foi esta expressão, não foi este dia, este pôr-do-sol que mais feriu...Foram os fogos que festejavam a entrada de um ano não tão esperado com felicidade "ANTES" , acompanhado de um mudo desespero e de espera desfeita por uma ligação que não existia, por uma mensagem que não vinha, por uma falsa verdade que outrora queria com todas as forças agarrar e acreditar, pois antes aprendeu que o que acreditamos, defendemos, mas nem isso defendia, pois sabia que estava certa no caminho errado, por procuras sem encontros, inutilmente sem encontros...
Após os fogos e dias passados, após terem esgotado as duvidas, as expectativas, as respostas, caiu novamente no circulo que antes tanto evitara, isso feriu, pois as próprias respostas não serviam, a sua própria força não era suficiente...

Mas tinha certeza que poderia observar esta exposição de longe, conseguir enxergar detalhes que não eram vistos com outros olhos a não ser os seus... isso levaria tempo...
Esse tormento poderia passar,acalmar, poderia voltar a permitir-se...Permitir-se como antes a sabores menos amagos como este...

Menos amargo que saber que enquanto você realmente escolhe a dor, a causa dela pensa e diz que isso é apenas fase que pode ser superada, ah o amor... ele não é isso, e se esses pensamentos rodeiam a vida, que dirá as ações? Fase? Querer acreditar é fase? Querer acreditar em alguém e querer acreditar em si mesmo...antes disso sabia que acreditar é arriscar, escolher, conhecer, viver.

E tudo foi voltando ao lugar de onde não deveriam 'nunca' ter saído, a paz, a vida, a coragem de assumir-se como realmente é, e a certeza de que não foi nada disso que pensou, que a realidade semrpe foi uma só, e se um dia mudou foi porque desenhou, equivocou, que bela tradução "esteve equivocada" quanto ao significado das coisas, mas era extremamente necessário, conseguiu se enxergar de longe e percebeu um certo desequilíbrio, as oscilações, sentimentos e sensações como ondas, a eterna adolescente que nunca morrera, apenas adormeceu...

Não também não há culpa, descortinou-se a profundidade e a vontade de estar junto, perto, o compartilhar, o outro sentiu isso e mais que isso "medo" por talvez não conseguir corresponder, por isso a distância, indiferença, dúvida que antes não conseguia compreender...
Deixa ficar, deixa o tempo dizer o que ja se sabe...

Em meio a reviravoltas a vida apenas tratou da forma como a estava trantando, com tanta dúvida e medo que tudo se desfez, tudo! Os encontros de procuras, os sem, as procuras sem encontros, palavras, olhares, gestos, pensamentos, lembranças, promessas, não promessas, caminhadas, sorvetes, mãos dadas, grama, arvore, óculos, lenço, poses, livro, diálogos, conversas, cartas, mensagens, desejos, vontades, leituras, loucuras, vídeo, tarde, pôr-do-sol, aquarelas no céu, escolha, passeios, medos, angustias, dores, amores, carinhos, presença, expectativas, dúvidas, perguntas, respostas, músicas, cores, carros, motos, amigos, chocolate, danone, noite, lua, risadas, piadas, estrelas das pessoas e do céu, flashs, fotos, sermões, pedras, igrejas, telefone, ruas e despedidas...

Se desfez para se refazer de forma diferente, talvez mais bonita, está se refazendo...
Mas lembrará que "numa hora, um dia, de uns anos...vagos" tentou acreditar em algo...
O sol poderá novamente brilhar de verdade sem ferir, sem apunhalar...
e a frase "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" poderá novamente ser proferida.


An4 Mais do Que Nunca

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